Putos. Vocês me enojam. Estão tão acostumados a receberem ordens e a viverem feito robôs que até poderiam matar alguém para manter esse estilo de vida intacto. É em casa, na família, no trabalho. Ordens, ordens e mais ordens. Obrigações, compromissos e contas a pagar. Muita burocracia. Pouca diversão. Muito se insinua. Pouco se pratica. Não é por menos que os vejo aos borbotões: nas ruas, no metrô, nos restaurantes, em todos os cantos. Cinzentos, apáticos, com olheiras de cansaço. Uma aura completamente fodida por esse esquema insano chamado de “vida moderna”. Veja só, AURA. Que palavra engraçada. De onde será que surgiu?
Duas pessoas se cruzam. Dois universos estranhos a si mesmos, dois poços de uma infinidade de sentimentos incompreensíveis delimitados às arestas do corpo. Dois corpos se cruzam, os olhos se entreolham e as pernas seguem em frente. Por quê não podem estar juntos, na cama, trepando feito alucinados vidradões? Que me desculpem os puritanos, mas desbocar é preciso. Romper as amarras é preciso. O que a burocracia faz é só alastrar um vasto campo de aridez.
É um mundo insano e terrivelmente misterioso. É impossível conhecer nesse mar de questonamentos. Isso é certo. Mas fazer o quê? É preciso empunhar os remos e seguir adiante. A cada novo tropeço, um novo amarrar de cadarços. E a cada novo poema que faço, a cada novo desenho que rabisco, ou a cada novos acordes que eu arrisco; são essas algumas das minhas muletas, aquilo mesmo que me faz seguir adiante. É difícil cavalgar com duas pernas só. Aliás, eu imagino que toda essa procura por “sentidos” e a necessidade visceral de se criar algo vem da tenebrosa necessidade de se enganar a morte. É duro demais saber que um dia você vira poeira. É preciso fazer alguma coisa até lá. É claro que não é tão simples assim. Na verdade foi só uma idéia espontânea que me surgiu e não sei como levá-la adiante. Acho que nos despedimos por aqui, querida. (Barulho de descarga)
Mas vamos lá, volto a algumas horas atrás e tento me recordar do que já foi realizado até esse ponto nesse dia. É difícil lembrar e então fico imaginando se existe alguma forma de quantificar o número de pensamentos que passam pela cabeça de cada pobre diabo a cada novo dia. Isso, excetuando-se a enorme porção daqueles que simplesmente não pensam. Vôo mais longe: o que é um pensamento? Qualquer imagem ou palavra que passa pela cabeça como aqueles anúncios carregados por aviões nas praias? Essa é uma boa imagem para definir um pensamento. Definitivamente. Mas não define absolutamente nada. Foi só uma maneira que eu encontrei para tentar explicar uma indagação. O sujeito ao meu lado pode pensar – e provavelmente pensa - de um modo completamente diferente.
Viu só? É difícil eu sei. Por isso não existem verdades absolutas, cada um é dono de sua própria razão. Mas foda-se. Quem sou eu para dar uma de mestre livre-docente? Bom, esse negócio já está dando no saco e eu preciso mijar. Adeus a todos ilustres fantasmas, os leitores fiéis.
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