sexta-feira, dezembro 14, 2007

No divã comigo mesmo (traumas escolares)

Na quarta série eu tive uma professora chamada Débora. Acho que ela nunca foi muito com a minha cara. Ela atendia a maioria dos alunos com bastante paciência, mas quando eu tinha alguma dúvida ela reclamava: "Yuri, você já reparou que sempre que tem matéria nova você tem alguma dúvida?". Acho que isso é compreensível, já que eu me aproximava de sua mesa sempre que alguma garota atraente tinha que lhe consultar.


Em uma das provas de Débora havia uma questão do tipo: "forme todas as palavras possíveis a partir da palavra "X". Imagino que se tratava de conjugar a palavra "X" em diferentes tempos verbais, mas, na época, eu peguei as letras das palavras anunciadas e fui formando outras (todas as palavras possíveis). Não lembro da minha nota nessa prova. Só sei que não foi nada animador. Nunca entendi o jogo deles.


Na terceira série um amigo virou e disse:
- Cara, se as suas notas estão ruins você tem que sentar e estudar.
- Estudar, o que é isso?
- Ah, é quando você pega os livros para ler e aprender.
- E pode fazer isso?!
- Pode.
Sempre achei que o mundo é uma conspiração disfarçada.


Ivone era uma professora tranqüila, mas também era capaz de explodir num piscar de olhos, e isso de fato aconteceu quando eu lhe entreguei uma "prova que eu terminei em casa porque não deu tempo na classe". Suas veias saltaram do pescoço e eu senti a morte passar pelos meus olhos. Por pouco ela não arrancou meus braços na frente da classe.


Segurar o Philip pelos braços e pelas pernas com a ajuda do Franciso não foi uma boa idéia. Sobrou um chute no meu lábio, que inchou no mesmo instante. Era como se todo o sangue do meu corpo tivesse subitamente desviado para a região labial. Quando meu pai chegou na diretoria, parecia que eu tinha sido esmurrado por uma turba de bêbados ensandecidos.

4 comentários:

Igor Nishikiori disse...

Essa tal de Ivone lembra uma antiga professora minha do ginásio. Lourdes era seu nome. Suas técnicas de ensino causariam inveja em Hitler. Conta-se por aí que ela está viva, sem nunca ter pago os horrores que provocou nas pequenas almas.

Yuri disse...

Eu sei, a fama de Lourdes é capaz de transpor até mesmo o Atlântico.

Luma Ramiro Mesquita disse...

Eu era feliz e não sabia! Rs...
As professoras sempre me amavam. A da primeira série me dava presentes (escondido dos outros alunos, claro!) quando eu estava na segunda. A da terceira disse que eu escreveria um livro que seria muito bom e reconhecido. A da quarta me defendeu na diretoria quando eu belisquei (no rosto, e sangrou! =//)um menino idiota da minha classe (ele também me defendeu). A de matemática da sexta série me pedia para dar as aulas dela quando ela estava com dor de garganta. As do cursinho me convidavam para almoçar na casa delas, queriam sair comigo no final de semana... O de história do colegial disse que eu "estava no ritmo da coisa" quando um dia fiquei 'brincando' de dar aula com método dele...
Enfim... minha vida escolar (segundo uma psíquiátra uma vez me disse) era meu ninho, um lugar onde eu me sentia segura e era feliz (além de elogiada!). Sempre tinha o nome no mural das alunas nota 10. Sempre fui presidente de sala e auxiliar das professoras. Elas sempre gostavam de mim e me defendiam. Bons tempos!
Sempre gostei de ser uma boa menina, adorava fazer lição de casa, estudar história antes da aula ser dada, me doar para todos os trabalhos e ficava muito muito feliz quando era dia de fazer redação.
Rs...
Falow a nerdzinha...
Beijocas!

Anônimo disse...

bom comeco