terça-feira, março 11, 2008

Os limites da prensa

Os limites do jornalismo são de natureza quântica, a saber: tempo e espaço. O tempo, principal inimigo dos operários de redação. O espaço, fator limitante de caracteres e reflexões mais aprofundadas. Por trás das palavras impressas, há uma sentença maquinal. Dedos que batem a tecla sem pensar. É a "ordem" dos nossos negócios.

O encanto da literatura que tanto fascina não existe no jornalismo, pois o jornalismo não se permite esse tipo de coisa. Ele é apenas um ofício industrial que se vale da ferramenta textual, nada mais. A dinâmica do jornalismo é outra: apuração, entrevistas, ligações, fontes chatas, mais apuração, mais entrevistas, mais fontes chatas, textos medíocres sobre pautas vazias.

Parte da crise do jornalismo diz respeito a uma crise identidade, pois nos últimos anos o jornalismo vem se inclinando para o lado da banalização, sobretudo no Brasil, onde boa parcela da população sequer sabe ler e é absolutamente ignorante. As empresas de comunicação se transformaram em grandes conglomerados econômicos, e os jornalistas foram convertidos em meros operários de redação, como em uma linha de montagem, mas, ao invés de carros e chapas de alumínio, a mercadoria que manufaturam são textos. A profissão já está longe dos anos dourados quando a imagem do jornalista era a do herói das massas encarnado na pele de Tin-tin, Clarck Kent (o Super-Homem) e companhia.

O jornalismo já foi uma profissão interessante, glamourosa e até financeiramente rentável, mas hoje os tempos são outros. As redações estão endividas dos pés a cabeça e tentam a todo custo selar acordos clientelistas que as tirem do buraco com um golpe de misericórdia, seja com autoridades governamentais, seja com o alto empresariado. Como qualquer empresa, buscam lucros e boas oportunidades de negócios a todo momento, o que significa acenar com textos elogiosos para aqueles que tem dinheiro para investir. Nada mais nada menos do que a velha troca de favores. A mídia caiu em descrédito (com toda a razão) e se desfaz dos jornalistas aos borbotões feito peças de reposição descartáveis. O mercado consente em trabalhar com eles, mas não como colaboradores, e sim como mão-de-obra secundária, coadjuvantes retocadores de notícia .

2 comentários:

Anônimo disse...

olha só qual é a referência de grandes jornalistas do sujeito: " Tin-tin, Clarck Kent (o Super-Homem) e companhia. "


se os críticos do jornalismo estão nesse patamar, o resto deve realmente ser mal.

Yuri disse...

Amiguinho iletrado, não são referências a "grandes jornalistas", e sim referência a uma época em que o jornalismo era tido como algo nobre, tanto que super-heróis de gibi exerciam a profissão, ou seja, existia a idéia de que o jornalismo agregava um valor especial. Para fazer uma crítica mais consistente, primeiro abandone a sua condição de analfabeto funcional.