sexta-feira, novembro 19, 2010

E o tempo é ainda de fezes

É estranho pensar que um programa como TV Pirata, marco do humor brasileiro, era encarado com mais naturalidade logo após o fim de uma ditadura militar que durou vinte longos anos. Hoje, em tempos de suposta liberdade de expressão, a ditadura do politicamente correto jamais deixaria um programa assim passar. "É muito depravado", diriam, ou, "é uma ofensa às minorias". Mas que minorias, seus putos? Se é assim eu também faço parte duma minoria, a minoria daqueles que não suportam esse mundinho fecal. "Ué, se não gosta, não liga a TV então", há quem arrisque. Antes fosse. O problema é que a "democratização da comunicação" acabou democratizando a idiotice e por mais que você tente escapar, em algum momento ela baterá à sua porta, ou chegará via SMS, ou via "MSN news" ou algo do gênero.

É o oléo de ricínio que a indústria cultural nos enfia goela abaixo. Vemos a indústria cultural conspurcar em nossas cabeças escrotices duma "rebeldia domesticada" de boutique que me embrulha o estômago. É com pesar que observo essa geração bundinha que está aí, louvando aberrações como Restart e "xingando muito no Twitter". Não é à toa que muitas pessoas se jogam de pontes ou cortam os pulsos na banheira.

Fico pensando o que diria Theodor Adorno disso tudo. Se ele, chatola que era, daqueles que só conseguem apreciar música erudita, via com maus olhos o Jazz, o que será que diria da "cena pop" hoje em dia?

Quanto tempo será que ele duraria na Terra antes de cometer suicídio?

4 comentários:

caiobuca disse...

Complicado, Anabela.

Até nosso querido Adult Swim foi vítima desse moralismo barato.

Yuri disse...

É, Anabela. O desenho do Blu aí embaixo diz mais que mil palavras.

Arcádia Psicodélica disse...

Rapaiz, Theodor Adorno simplesmente...
deixaria de deixar.

Anônimo disse...

Volta.