
É comum em nossa sociedade, marcada pela ânsia do imediatismo absoluto, que se meça a "utilidade" ou mesmo a "inutilidade" de tudo e de todas as coisas. Útil, é subentendido pelo senso-comum como tudo aquilo que proporcione prestígio, poder, fama e dinheiro. Algo que tenha aplicação instantânea e precisa. O mesmo senso-comum, portanto, não vê inutilidade nas chamadas ciências exatas, que concebem avanços tecnológicos e novos produtos de encher os olhos de qualquer bom consumista-padrão que valha a alcunha. Em uma via oposta, no entanto, a filosofia não parece ser vista com os mesmos ares de entusiasmo. Não por acaso, os filósofos são tidos por pessoas lunáticas, desconcertadas e com idéias transtornadas. Dizem as más línguas que "a filosofia é uma ciência com ou sem a qual o mundo permanece tal e qual". É fato que nossa sociedade imediatista e leviana atribuiu total inutilidade a filosofia. Ledo engano, caro teófilo. Poucos sabem que as ciências são em essência filosóficas. As ciências procuram interferir no pensamento aprimorando-o e aumentando-o, e, para tal, fazem inúmeros questionamentos, estabelecem modelos de raciocínio claros e coesos, buscam respostas lógicas. Tudo isso são questões filosóficas. Mas como poucos sabem disso além dos próprios cientistas e filósofos, continua-se a insistir que a filosofia não "presta para nada". Tristes sinais daqueles que pensam com os dedos, se é que pensam.
Pílula Verbalis
"Como algo tão pequeno como uma faca ou uma pistola pode dar cabo de um homem, que é um touro?
(Federico Garcia Lorca)
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