É com certa reserva que eu assisto a essa onda de euforia em torno do livro digital. Não consigo imaginar a morte dos tipos impressos em papel, por mais que os alarmistas (e oportunistas) de plantão o sentenciem dia após dia.
As justificativas para tal são as mais absurdas. “O livro digital diminuirá radicalmente a demanda por papel, contribuindo decisivamente para a preservação ambiental”. Ah é? Mas os aparelhos leitores de livros digitais são feitos de que, vento? Não. Haverá um deslocamento de demanda por matéria-prima, só.
Não é de hoje que a humanidade cultiva esse hábito apocalíptico. Sempre que desponta uma nova tecnologia, algum elemento tradicional é colocado no limbo. O próprio livro, que criou o estudante solitário, quando apareceu foi apontado como o responsável pela morte das histórias faladas. O jornal, por sua vez, veio para decapitar os livros e assim por diante. Nada disso aconteceu. O livro, o jornal e as histórias faladas continuam aí, independente da parafernália tecnológica que brota feito cogumelo depois da chuva.
Sinceramente, não acredito na morte do livro em papel. O que seria da humanidade sem ele? É um ícone que já está entre nós há alguns séculos. Ler naquela insípida tela digital não se compara ao prazer de abrir um livro antigo e sentir aquele cheiro de sabedoria empoeirada que salta das folhas amareladas pelo tempo. Tem certas coisas que não mudam e não morrem e penso que o livro em papel é uma delas.
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