As táticas do capitalismo para introduzir novas tecnologias no rol de consumo já são bastante conhecidas, quando não ultrapassadas. Celebra-se o novo feito como a chegada do tão aguardado Messias. Algo que trará paz a Terra e resolverá a discórdia entre os homens.
Na década de 60, quando a teoria neomalthusiana circulava por inúmeros centros acadêmicos de países centrais, principalmente nos EUA, era quase unanimidade entre os sociólogos a idéia de que a fome no mundo era conseqüência direta das altas taxas de natalidade dos países periféricos. Uma teoria um tanto quanto comodista, pois prefere arranjar culpados por um fenômeno que é uma criação humana, fruto das desigualdades gritantes estabelecidas pelo tipo de sociedade construída. Resultado: os EUA iniciaram uma “campanha contra a fome” no mundo, mas esta, não se baseava na simples distribuição de alimentos aos necessitados, ou à retirada de transnacionais norte-americanas do ramo alimentício que comprometem a plantação de alimentos de base como arroz e feijão em países terceiro-mundistas, e sim, no despache massivo de pílulas anticoncepcionais “made in USA” e programas de controle de natalidade conduzidos por produtos e tecnologia norte-americana para países com altas taxas de natalidade. As taxas de natalidade realmente abaixaram, mas a fome no mundo não acabou. Quem saiu ganhando nessa empreitada foram os grandes laboratórios "yankees" , cuja vendagem de pílulas aumentou vertiginosamente.
Atualmente, dá-se o mesmo tratamento aos alimentos transgênicos, menina dos olhos da recente tecnologia agroindustrial. Essa é mais uma tática do capital aliado a tecnologia para angariar cifrões. Os alimentos transgênicos, definitivamente, não vão resolver o problema da fome no mundo, até porque grande parte dessa tecnologia está voltada para culturas de caráter exportador, como a soja e milho. O argumento de que as sementes são resistentes a organismos agressores, e, portanto, independentes do uso de inseticidas e defensivos também é digno de questionamentos. Basta estar cursando a quarta série e ter o primeiro contato com a obra de um sujeito chamado Charles Darwin para derrubar esse propaganda franzina. É só uma questão de tempo até que espécies resistentes à tecnologia de varejo das sementes geneticamente modificadas se adaptem ao meio e trucidem plantações por completo, para desalento daqueles que confiaram cegamente nos comercias coloridos da Monsanto.
Como se pode ver, essa tecnologia está a serviço daqueles que tem interesse e recurso financeiro suficiente para financia-la, e esses pré-requisitos fazem parte do agro-negócio exportador. Portanto, algumas previsões podem ser feitas desde já. Aumentará o índice de desmatamento de florestas, sobretudo da Amazônia, onde as lavouras de soja têm se proliferado viróticamente. Poderá ocorrer um sério desequilíbrio ecológico com o possível desenvolvimento de espécies resistentes a transgenia. Há o risco de comprometimento da saúde humana. As pesquisas ainda não registraram nenhum dano à saúde devido ao uso de alimentos geneticamente modificados, mas deve se levar em conta que essa é uma tecnologia recente e análises a longo prazo ainda não podem ser concretizadas. O fosso entre ricos e pobres se alargará, visto que quem tem a ganhar com essa jogada são os grandes proprietários do setor exportador, as empresas detentoras da tecnologia e alguns poucos setores associados.
Isso tudo não é esclarecido nos comerciais suntuosos pró-transgênicos, até porque, como eles mesmos dizem, a propaganda é a alma do negócio. E não seria interessante estragar seu próprio negócio. Mesmo que o planeta tenha que pagar a conta de suas medidas nocivas.
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