domingo, maio 02, 2004

Uma manhã na cidade


Todos com pressa, todos com pressa.
Seu Izaías prepara os primeiros pingados do dia com o rosto ainda molhado de sono.
A mãe arrasta a criança, que tropeça.
O homen abocanha o mocotó com imenso regozijo babando no paletó.
O aleijado saltita sem parar com sua muleta mágica dotada de jatos propulsores.
Os cartazes, como que num enxame de viroses, se espalham por todos os cantos enchendo nossas cabeças de futilidades.
A passeata de estudantes em greve me anima.
O mendigo me aborda. Diz ter sido roubado e seus sapatos levados.
Que piada, penso eu, mas dou-lhe uma moedinha para que possa desfrutar da almejada caninha.
As patricinhas e mauricinhos trocam a sala de aula pela padaria mais próxima em busca de conchavinhos.
O cobrador gira a manivela para sinalizar a próxima estação. Está na hora.
O ônibus encosta.
Desço.
E aponto o lápis para a próxima viajem.

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