Pensamentos desconexos

"Água de reuso. Por favor não beba". Assim dizia o anúncio na lateral do caminhão de limpeza da prefeitura. Imagino que qualquer um em sã-consciência não se aventuraria a saborerar a água pressurizada utilizada nas lavagens das calçadas sujismundas de São Paulo. Mas será que esse anúncio soaria tão extravagante daqui uns 25 anos, quando então a crise de abastecimento de água estará instalada como uma realidade inexorável, e as garrafinhas de minalba, posicionadas ao lado de Redlabel's como ítens de luxo?

¨¨*¨¨

"O tempo passa, o tempo voa e a poupança bamerindus continua numa boa". A modinha se imortalizou, mas o bamerindus se foi e jaz no estômago avarento de um peixe-grande-banco, ou então, no necrotério amontoado dos bancos falidos por esquemas de maracutais-mil. E caçulinha chora as mágoas no seu teclado de nostalgia.

¨¨*¨¨

- Sinto meu ânus movediço.
- Hein?
- Sinto meu ânus movediço!
- E o que viria a ser isso?
- Sabe aquela sensação quando suas nádegas se entrecostam como duas placas tectônicas em uma profusão erótica, bailando euforicamente em meio a um mar de mágma que não passa de resquícios de um ânus mal-lavado?
- Imagino que sei.
- Então, eis o ânus movediço.
- E isso é reconfortante?
- Não, eu diria que não. Inevitavelmente, terei que me deparar com uma marquinha de freada em minha veste pubiana, algo extremamente desagradável. Maldição, por quê eu insisto em usar cuecas brancas? Ou melhor, por quê continuam a produzí-las?
- É mesmo, cuecas brancas são terríveis. O pior é quando elas deslaceiam e ficam folgadas parecendo fraldas de faquir.
- Faquir?
- Sabe aqueles sujeitos loucos do oriente que ficam andando em brasa e coisas do tipo?
- Sei, sei!
- Então. Faquir.
- Mas eles usam fraldas?
- Algo do gênero. Um pano extravagante.
- Hmmm, faquir. Aposto que não usam cuecas.
- E muito menos brancas!
- O que você vai querer?
- Uma água tônica, e você?
- Um sanduíche de pernil.
- GARÇOM!!!